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João Francisco Neto*
A vida humana é cheia de mistérios, muitos insondáveis, como o amor, do qual a maior expressão que se conhece no mundo é o amor da mãe pelo filho. Todos podem amar intensamente, mas ninguém amará mais do que uma mãe a seu filho. Todas as mães (e alguns pais) são as únicas pessoas do mundo que só querem o nosso bem e nada querem em troca – todos os outros querem algo; até os pais costumam ser muito exigentes e duros com os filhos, pois querem resultados. Mãe é a pessoa que sempre faz o que você quer, apenas para te ver feliz; a pessoa apaixonada também fará qualquer coisa, mas, veja bem, apenas por algum tempo. A vida nos mostra isso todos os dias; contudo, infelizmente, muita gente não vê e nem percebe. Para as mães, nunca cresceremos; seremos sempre crianças quando chegamos em casa. Ela é a pessoa que sempre sabe se estamos tristes, alegres, com raiva, ou apenas chateados; daí que podemos até disfarçar e enganar qualquer outra pessoa, mas nunca a nossa mãe, que conhece o fundo de nossa alma, só pelo olhar.
A força da mulher é imensa, e a força e a coragem de uma mãe são maiores ainda. Observem que aos pés da Cruz estavam três mulheres, atravessadas pela dor extrema, mas corajosas: Maria, Mãe de Jesus; Maria de Cleofas; e Maria Madalena, e apenas um discípulo, João, além de Nicodemos e José de Arimateia, um rico judeu que pediu autorização a Pilatos para descer o corpo de Cristo da Cruz e enterrá-lo. Assim são as mulheres, muitas vezes com a aparência frágil, mas capazes de mover mundos e montanhas para proteger seus filhos. Enquanto tivermos a nossa mãe poderemos ter a mais absoluta certeza de que teremos uma fortaleza para nos proteger de tudo. O homem é o responsável pelo sustento da família; mas a casa só ficará de pé por obra da mulher e da mãe; sem elas não haverá lar. Muitas mulheres, mesmo que bastante idosas, são as responsáveis por manter a união da família; por causa da mãe, passamos por cima de qualquer coisa; viajamos milhares de quilômetros para visitá-la, suportamos parentes inconvenientes, reuniões familiares chatas, e tudo o mais. A casa da mãe será sempre um porto seguro para os filhos, netos, bisnetos e todos os que vierem.
Há algum tempo, tomei conhecimento de uma curiosa pesquisa acadêmica que demonstra que a mulher presidiária só recebe visitas se ela tiver mãe, ou avó, que é mãe duas vezes; já para o homem que cumpre pena as coisas são bem diferentes: no dia de visita, a maioria conta com a presença da mãe, da esposa, da namorada, das irmãs, e dos filhos, que, para estar lá, se deslocam por grandes distâncias e se submetem a revistas humilhantes. Aí está um pequeno retrato da realidade: a mulher e a mãe tudo fazem pelos filhos e os homens, mas, nem sempre recebem o mesmo tratamento.
Por tudo isso e por muito mais, costuma-se dizer que as mães não deveriam morrer nunca; o dia que a mãe da gente morre é o dia mais triste da nossa vida e, daí por diante, poderemos estar certos de que, de alguma forma, estaremos sós no mundo. Assim, nunca será por demais repetir que as mães (e os pais) amam e conhecem profundamente os seus filhos; porém, os filhos nem sempre os entendem. Quando os filhos chegam a conhecer e compreendê-los, infelizmente já é muito tarde: ou os pais já estão muito velhos, ou todos estão velhos, e aí ficará o gosto amargo do tempo perdido, das desavenças por pequenas coisas que poderiam ter sido facilmente superadas; enfim, uma amarga sensação do tempo passado que não volta mais, e das coisas erradas que fizemos ou falamos e que não podemos mais consertar. Mas, hoje não é um dia triste: Feliz Dia das Mães!
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* Agente Fiscal de Rendas, mestre e doutor em Direito Financeiro (Faculdade de Direito da USP)
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