Um Rei sem rosto numa moldura com Óleo de Peroba

Amadeu Robson Cordeiro

Se a Paraíba é Jampa não sei. Sei que essa preocupação é compreensível. Afinal, graves suspeitas pesam sobre a nossa Corte Real. Não são apenas os políticos que as suscitam, porque o nível de sua moralidade caiu muito, ou porque seus discursos soam falsos, ou porque suas manobras estéreis não interessam a mais ninguém. Não é apenas a democracia que nos decepciona, porque o processo emancipador nos dá hoje a impressão de estar totalmente em pane. É a própria ação política que parece ter-se tornado vã quando as vísceras (as pequenas) tornam-se públicas pela grande imprensa nacional.

No âmago do espírito da maioria dos paraibanos, infelizmente, encontra-se enraizada uma doença grave e que precisa ser curada antes que ela se torne crônica. Sua origem está fundamentalmente na aceitação passiva e sem qualquer questionamento da famosa máxima: “na Paraíba é assim, na Paraíba tudo pode…”, que pode ser traduzida, sem muito esforço, na caótica, decadente, superficial e infeliz ideia de que algumas coisas acontecem necessariamente em nosso Estado e que nada adianta reclamar ou tentar mudar.

Estamos nas garras de um anti-lider que tenta fazer todas as pessoas submissas e totalmente dependentes dele. Briga com unhas e dentes por mais poder. Mostra que pode e desdenha o que os outros fazem ou fizeram. Ludibria para que os outros se moldem a ele. Assim, terá Secretários, Gerentes, Assessores e funcionários mais ou menos piores. Porque ele já é irretocavelmente o melhor.

Um anti-lider que destrói resistências, principalmente aquelas que lhes são dirigidas, porque, se mudar de opinião, mostra fraqueza e perde o respeito dos plebeus. Quem manda é ele e não se importa o que pensem ou sintam os subalternos. Afinal, quem foi investido no cargo para pensar e sentir foi ele. Assim, elimina os concorrentes não deixando de se esforçar para ser o único herói na história.

O caminho que se trilha para chegar ao Poder é injusto… É vergonhoso. E essa injustiça tem início por meio de várias formas de violências, as quais se multiplicam por todos os lugares da nossa terrinha. Nos casebres humildes, nas favelas de pobres e miseráveis, nas mansões dos ricos e poderosos. Também, em praças públicas e no campo.

Entretanto, nada está perdido, pois, a cada vez que aparece um político atípico, aparentemente indiferente à tirania perpetrada, esse homem atrai para si, durante alguns momentos, multidões entusiásticas. Não é isso uma prova de que bastaria um pouco de personalidade, respeito ou de caráter, para inverter essa tendência?

É verdade que os tempos mudaram. Hoje ou amanhã, nada acontecerá, enquanto os simples cidadãos não expressarem, primeiro, o seu desejo de mudança. Pelo voto, é claro. Mas também por outros tipos de ações clássicas como a greve, o movimento ordeiro nas ruas, as apurações dos delitos perpetrados por quem no Poder ou outra forma a ser inventada.

Na verdade, qual seria o nosso conforto presente senão a presença de um nome novo, um novo rosto sem o brilho pálido do Óleo de Peroba, tirando a farsa que nos torna masoquistas pela falta de esperança e pelo fatalismo desiludido, que nos domina às vezes nessa servidão voluntária, tão difícil de escapar.

amadeu.rmc@ig.com.br

Auditor Fiscal e Colunista: www.fenafisco.org.brwww.patosemcena.com.brwww.blogdoafr.comwww.aafep.com.br.

ARTIGOS de AMADEU CORDEIRO

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