A sociedade brasileira está cansada das velhas raposas, dos conchavos e arranjos escusos
Marina Silva é acreana, de Rio Branco. Conheço muito bem o estado do Acre, pois lá vivi por 12 anos, e ainda tenho familiares naquelas terras de Chico Mendes. Esse pequeno estado da federação tem história de luta, de bravura, de derramamento de sangue. Tem identidade própria.
Mas a política naqueles cantos, ainda na década de 80, era comandada por uma elite conservadora, advinda e saudosa do ciclo da borracha. Naqueles tempos, ricos seringalistas e fazendeiros ditavam as regras. Rasgavam as leis e a floresta sem piedade e negavam os mais comezinhos direitos aos trabalhadores rurais. Na verdade, nem se ouvia falar de direitos trabalhistas. Era uma escravidão branca tolerada.
Naquele ambiente propício às injustiças de toda a ordem, a jovem Marina Silva já atuava ao lado de Chico Mendes no Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Pelo Partido dos Trabalhadores, Marina foi Vereadora, em 1.988, em Rio Branco. Deputada Estadual em 1.990 e Senadora, em 1.994, aos 36 anos e reeleita em 2002. Foi Ministra do meio ambiente no governo Lula, saindo em 2008, por dificuldades na implantação de sua agenda ambiental. Sua política ambiental se chocava com a política desenvolvimentista da poderosa ministra Dilma Roussef.
Magoada por ser preterida, diante da inclinação de Lula por Dilma – que desceu de paraquedas no PT – na sucessão presidencial, e coerente e fiel aos seus ideais, se desfiliou do partido em 2009.
Em 2010, filiada ao PV, disputou a presidência da república, pela primeira vez, obtendo quase 20 vinte milhões de votos.
Agora, em 2014, reaparece, após a morte de Eduardo Campos, impondo desespero aos concorrentes Dilma e Aécio.
Marina é detentora de vários prêmios internacionais, dentre os quais o mais importante, concedido pela ONU, Champions of the Earth (Campeões da Terra).
Ao contrário de outros dissidentes éticos do PT, como Hélio Bicudo, Heloísa Helena e outros fundadores do PT, que também foram alijados e deixados no meio do caminho pelo partido e pela força avassaladora e destruidora de oponentes chamada LULA, Marina emerge no cenário político nacional, como um fenômeno bendito.
Mas o que mais impõe respeito é a sua fidelidade aos seus ideais, que diga-se, remetem aos ideais de Chico Mendes, na defesa do meio ambiente.
A coerência de Marina Silva impressiona, diante da realidade da política brasileira do “poder pelo poder”. Repudia, na prática, a velha tática de alianças espúrias, que alçam o candidato ao poder, mas, contaminam o governo.
A sociedade brasileira está cansada das velhas raposas, dos conchavos e arranjos escusos na política. Está cansada dos Calheiros, Malufs, Sarneys e Barbalhos, da vida.
A sociedade quer mudanças. O povo quer sair da prática sanguessuga do PMDB e da estreita opção PT x PSDB; do velho debate da herança maldita LULA x FHC, do repedido MENSALÃO DO PT x MENSALINHO MINEIRO, do batido ESCÂNDALO PETROBRÁS x ESCÂNDALO DOS METRÔS DE SP, etc.
Certamente, Marina é como uma bela chuva de verão, que veio para aplacar o desânimo dos que não acreditam mais na política.
Portanto, pela sua história, coerência e ética, Marina Silva é digna de governar o Brasil.
PERFIL e ÍNDICE de ARTIGOS de FRANCISCO DAS CHAGAS BARROSO
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